Foto: Carolina Cerutti
Apaixonada por fotografia desde criança, ela trilhou por outros caminhos profissionais antes de se render a esse amor. Tabris Lichfett, 32 anos, trabalha como fotógrafa profissional em Florianópolis e vem se destacando no mercado local por uma nova proposta de ensaio: o que utiliza a casa do cliente como cenário. Sai a frieza e impessoalidade do estúdio, entra o aconchego e a personalidade do lar. “Casas contam histórias, representam pessoas e trazem memórias. Eu amo fotos espontâneas, com pessoas sendo elas mesmas em locais que as representam. Em casa os fotografados se expõem mais”, afirma Tabris. Conversamos com a fotógrafa para saber um pouco mais sobre sua formação e carreira. Confira abaixo a entrevista completa.
Quando você começou a se interessar por fotografia?
Câmeras, imagens e laboratórios fotográficos sempre me fascinaram desde pequena! Brincava com a analógica dos meus pais até ter a minha. Para mim, era impossível ir sem a câmera nos passeios do colégio. As digitais cybershot já haviam dominado o mercado, quando minha analógica estragou. Até eu adquirir uma, minhas amigas costumavam deixar as delas comigo. Em troca eu registrava as festinhas e as nossas saídas. Segui com as digitais básicas até 2009, quando comprei uma Sony Alpha com a possibilidade de lentes intercambiáveis. Foi aí que decidi que queria aprender fotografia como um hobby, pois eu fazia outro curso profissionalizante.
Quando ela passou a ser mais que um hobby?
O meu hobby pela fotografia passou a ocupar grande parte dos meus dias. Em meados de 2011, ganhei uma Canon semiprofissional, comprei mais lentes, flash e tripé. Nessa época, o meu companheiro me incentivou a investir mais na fotografia e a torná-la uma profissão. Comecei a fazer ensaios e a registrar eventos de amigos próximos. Larguei o meu trabalho e a minha outra carreira para me dedicar exclusivamente à fotografia. Mas isso só foi possível devido ao suporte dos meus familiares.
O que mudou após o curso “Qualificação profissional em fotografia”, na Escola Câmera Criativa?
A minha relação com a fotografia se tornou madura, sólida e com mais embasamento técnico. Passei a me sentir mais segura para colocar a minha identidade nos trabalhos e me expressar artisticamente, mesmo nos comerciais.
Qual sua opinião sobre a Escola Câmera Criativa?
Me senti em casa desde a primeira vez que fui à escola. Essa sensação perdura até hoje. Eu sei que ali sempre encontrarei um café quentinho, abraços, sorrisos e uma certa paz. Também sei que posso contar com eles sempre que eu precisar, pois a escola deixa as suas portas abertas, não apenas para mim, mas para todos que por ali passam. A minha relação de carinho e amizade com a escola só aumentou com o passar do tempo. Tenho uma grande admiração na forma como ela é estruturada e na capacidade de manterem o clima sempre alegre. Eu brinco com algumas pessoas dizendo que ali é um lugar mágico. Não importa como está o meu dia, sempre saio dali mais feliz, entusiasmada e cheia de ideias.
E sobre os professores?
Eles conseguiram passar conteúdos de forma clara, simples e prática. Sempre estavam disponíveis para esclarecer dúvidas e nos ajudar no que fosse preciso. Uma das minhas colegas de turma possuía algumas dificuldades de aprendizado. Quando começamos, ela era extremamente fechada, mas finalizamos o curso com ela sendo a oradora da turma e apresentando um trabalho incrível para nós. Isso é prova de que o método funciona e também deixa claro a capacidade de inclusão.
Como foi participar de projetos sociais durante o curso?
Algumas das nossas aulas práticas foram feitas com pessoas que não teriam condições de arcar financeiramente com um ensaio. Devolver para a sociedade o que eu estava aprendendo naquele momento e poder fazer alguém desconhecido feliz foi extremamente gratificante.
Que trabalhos você faz hoje?
Atualmente minha renda vem exclusivamente da fotografia. Fotografo pessoas e produtos. Amo a diversidade de trabalhos que ela me proporciona e como torna a rotina algo gostoso e leve. Casamentos, gestantes, formaturas, acompanhamentos infantis, cada área tem a sua graça e beleza. Entretanto, dentre toda essa variedade, os meus ensaios em casa são os mais interessantes e diferentes.
Por que os ensaios em casa te encantam tanto?
Casas sempre foram importantes para mim. Gosto do conforto e da segurança que elas proporcionam. Contam histórias, representam pessoas e trazem memórias. Eu amo fotos espontâneas, com pessoas sendo elas mesmas em locais que as representam. Em casa os fotografados se expõem mais. É comum durante os ensaios revermos fotos antigas e compartilharmos momentos que vivemos. Acredito que a atmosfera da casa proporcione uma conexão mais intensa das pessoas com suas histórias e com elas mesmas.
Qual foi seu primeiro ensaio em casa, você se lembra?
Seguindo minha intuição, criei coragem e sugeri para uma gestante fazermos o ensaio na casa dela. Era verão, estava quente e a cidade cheiíssima. Ela aceitou e tivemos uma tarde leve, gostosa e com fotos incríveis. O ensaio em casa é prático para ir ao banheiro, fazer uma pausa, trocar de roupa, retocar a maquiagem. Eu sempre levo tudo o que preciso, inclusive luzes.
Quais estilos de ensaios você trabalha em casa?
O documental e o lifestyle. No documental eu apenas observo e registro a vida como ela é. Pode ser um dia inteiro, a hora do banho das crianças, um almoço de família. É bem comum eu fotografar a briga das crianças, os abraços espontâneos. Já no lifestyle, se houver necessidade, eu arrumo o cenário da casa. Mudo móveis de lugar, ajudo a escolher as roupas e direciono os fotografados utilizando técnicas de direção espontânea. Eu provoco as pessoas e crio certas situações para que beijos, abraços e sorrisos ocorram de forma natural e espontânea, sem que eu tenha que pedir para que esses gestos sejam feitos.
Seus ensaios newborn são feitos exclusivamente na casa dos clientes. Como vem sendo a aceitação dos pais?
Eles adoram a proposta de fazer um ensaio no conforto do lar e amam ainda mais quando veem o resultado.
Quais são seus planos para o futuro?
Planejo incentivar as pessoas a se mostrarem mais nos ensaios, desconstruindo padrões de beleza, de certo e errado, “casas bonitas”, “roupas certas”. Quero mostrar para as pessoas que cada história é única e que os momentos pessoais de cada um têm muito valor e merecem registros.
Por Andréa Fischer