WORKSHOP DE ARTE, SAÚDE E CULTURA: A doença sob a lente da história da arte.

APRESENTAÇÃO

Este workshop teórico se propõe ao diálogo entre arte e ciência na perspectiva de como as obras de arte se relacionam com algo tão presente na condição humana, como é o caso da doença. Historicamente as convalescências foram representadas pela lente dos artistas, assim como, os avanços na área da medicina e suas experimentações. A questão é como nosso imaginário se relaciona com o adoecimento, que imagens constituem nossos afetos quando nos sentimos em estado de vulnerabilidade? Segundo a ensaista norte-americana Susan Sontag em sua obra: A doença como metáfora (1984) todos nascemos com uma dupla cidadania, um passaporte que nos permite estar entre o reino dos sãos e dos enfermos. Nesse caminho, vamos explorar como ao longo da história da arte esses fenômenos são representados.  Para isso, visa-se adentrar o imaginário estético da arte desde a Grécia antiga até a contemporaneidade, atravessaremos o trabalho de artistas como: Leonardo Da Vinci, Lavínia Fontana, Botticelli, Michelangelo, Artemísia de Gentileschi, Caravaggio, Rembrandt, Frida Khalo, Violeta Parra, Remedios Varo, Rosana Paulino, entre outros.

“A DOENÇA É A ZONA NOTURNA DA VIDA, uma cidadania mais onerosa. Todos que nascem têm dupla cidadania, no reino dos sãos e no reino dos doentes. Apesar de todos preferirmos só usar o passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados, pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos desse outro lugar”. (SONTAG, Susan. A doença como metáfora, p. 04)

“NA ILIADA E NA ODISSÉIA a doença aparece como castigo sobrenatural, como possessão pelo demônio e como o resultado de causas naturais. Para os gregos, a doença podia ser gratuita, mas podia ser também merecida (por falta pessoal, transgressão coletiva ou crime praticado por ancestrais). Com o advento do cristianismo, que impôs noções mais moralizadas da doença, como de tudo o mais, gradualmente evoluiu um ajustamento mais estreito entre a doença e a “vítima”. A noção de doença como castigo produziu a idéia de que uma enfermidade podia ser um castigo particularmente justo e adequado”. (p. 19)

“No século XIX, a noção de que a doença se ajusta ao caráter do paciente, como o castigo se ajusta ao pecador, foi substituída pela noção de que ela exprime miter. E um produto de vontade. “A vontade se exibe como um corpo organizado”, escreveu Schopenhauer, “e a presença da enfermidade significa que a própria vontade está enferma.” A recuperação de uma doença depende de uma vontade sadia que assuma “poderes ditatoriais, de modo a subjugar as forças rebeldes” da vontade enferma. Uma geração antes, um grande médico, Bichat, usava uma imagem semelhante, definindo a saúde como “o silêncio dos órgãos” e a doença como “a sua revolta”. A doença é a vontade falando através do corpo, uma linguagem para a dramatização do mental, uma forma de auto-expressão. Groddeck descreveu a doença como “um símbolo, uma representação de algo que se passa no interior, um drama encenado pelo inconsciente”. (p. 19).

 

MINISTRANTE

Profa. Dra. Carolina Votto é Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Arte, Educação e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, SP (2024) sob supervisão da Profa. Dra. Mirian Celeste Martins. Possui graduação em Filosofia licenciatura pela Universidade Federal de Pelotas e Pedagogia; Especialização em Ensino de Arte; Mestrado em Artes Visuais, com ênfase em Teoria e História das Artes Visuais, pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2011). Doutora em Educação com ênfase em filosofia da educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (2022).  Integra o grupo de pesquisa Arte e Pedagogia e a Cátedra internacional da UNESCO UniTwin A Cidade que Educa e Transforma. Tem experiência na área de Educação e Arte, História da cultura, Formação de Professores, Educação, Estética e Infâncias. Foi Consultora da UNESCO para o fortalecimento das políticas públicas curriculares dos anos iniciais do ensino fundamental da Secretaria Municipal da Educação da cidade de Leme -SP.

PRE REQUISITO

Nenhum

 

FORMA DE PAGAMENTO

R$ 150,00 antecipado referente à matrícula e valor restante no primeiro dia de aula.